Número de profissionais quase triplica em 2 anos de emergência Yanomami, diz Ministério da Saúde

  • 05/02/2025
(Foto: Reprodução)
O g1 esteve no território Yanomami em 21 de janeiro, um dia após completar 2 anos de emergência em saúde pública na região. A reportagem não teve acesso a pacientes internados nas Unidades Básicas de Saúde Indígena dessas regiões. Dois anos de emergência Yanomami: o que mudou  O número de profissionais na Terra Indígena Yanomami quase triplicou em dois anos de emergência. Atualmente, território conta com 1.757 servidores, 154% a mais que os 690 profissionais que tinham em janeiro de 2023, quando o governo federal reconheceu a crise sanitária na região e reforçou ações de saúde e de combate ao garimpo ilegal. Os dados são do Ministério da Saúde. ✅ Acesse o canal do g1 Roraima no WhatsApp Um dia após completar dois anos de emergência, o g1 esteve na Terra Yanomami. A convite da Casa de Governo, a reportagem fez uma visita guiada por equipes do governo federal, onde conheceu as novas estruturas de saúde em Auaris e Surucucu. A reportagem não teve acesso a pacientes internados nas Unidades Básicas de Saúde Indígena dessas regiões, mas conversou com lideranças. 🔎 Contexto: A Terra Yanomami está em emergência de saúde pública desde janeiro de 2023. Nos anos anteriores, os indígenas da região enfrentaram graves casos de desnutrição e malária devido ao avanço do garimpo ilegal. Essa atividade impacta diretamente a vida dos indígenas, causando desmatamento, contaminação dos rios pelo uso de mercúrio e danos à caça e pesca. Dos 1.757 servidores contratados, a maioria (365) são técnicos em enfermagem, seguidos por 49 médicos, 127 enfermeiros e 36 nutricionistas, além de profissionais de outras áreas, como antropólogos. Segundo os profissionais de saúde, esse aumento melhorou o atendimento de saúde primária no território (leia abaixo). ‘Sinais positivos’ Uma das principais lideranças responsáveis por expor a condição precária da saúde Yanomami antes do decreto, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekuari, avalia que a reestruturação trouxe “um resultado positivo para os Yanomami”. Além do Condisi-YY, órgão que fiscaliza o trabalho do Ministério da Saúde, ele preside a associação Urihi, entidade que atua na região do Surucucu, onde há 61 comunidades. “Nessas comunidades que foram reestruturadas, colocadas profissionais de saúde, deu resultado importante para que o povo Yanomami não seja removido para Boa Vista, estão se recuperando aqui. Chegaram sinais positivos para a população Yanomami”, avaliou. Ele diz que atualmente não se vê mais crianças morrendo por malária e desnutrição, como as que ele ajudou a socorrer nos quatro anos antes do decreto. Ela cita que o momento é de “realinhar a vida que os Yanomami perderam durante cinco anos”. Júnior Hekurari, presidente da Associação Yanomami Arte g1 Mônica Yanomami, liderança da comunidade Haxiú, relatou que o cenário tem melhorado com a chegada recente de profissionais de saúde. Ela conta que "não há mais lágrimas na comunidade". "A saúde está se instalando. Então, a gente acredita que como está se reestruturando, estão fazendo posto, acreditamos que a gente não vai perder mais crianças", disse. Mônica, Liderança Yanomami de Haxiú Saman ‘Expectativa é de melhorias’ Em Auaris, região ao Noroeste de Roraima, lar dos Ye’kwana e Sanoma, na fronteira com Venezuela, o líder indígena Júlio Ye’kwana, presidente da Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME), também enxerga melhorias. A região foi uma das mais afetadas pela crise de saúde e hoje conta com um polo de saúde reestruturado, além de uma equipe de saúde com mais de 40 profissionais. “A comunidade foi impactada pelo garimpo, principalmente pela malária, doenças respiratórias, desnutrição também. Depois que começou a tirar os invasores [garimpeiros] começou a diminuir as doenças, a saúde começou a melhorar”, disse. Júlio Ye'kwana, líder indígena em Auaris Samantha Rufino/g1 RR Apesar da melhora, o principal desafio ainda é a continuidade da malária devido aos rastros do garimpo ilegal, que deixam crateras nos leitos dos rios e é onde os mosquitos transmissores se proliferam. A doença também é uma preocupação das lideranças indígenas e do próprio Ministério da Saúde, embora a pasta ainda não tenha divulgado dados atuais sobre a doença. Os dados disponíveis são referentes a 2023 e primeiro semestre de 2024. Foram 14 mortes causadas pela doença entre janeiro e junho do primeiro ano. No mesmo período de 2024, o número caiu para 9 óbitos. 'Quem não viveu o passado, entrou num paraíso' O enfermeiro Anderson Lacerda conhece bem a realidade de antes e depois do decreto de emergência. Entre 2019 e 2021, ele já estava em Surucucu, principal unidade de referência em saúde no território, e onde ele atua como coordenador de equipes. Anderson Lacerda, enfermeiro. Arte g1 O enfermeiro relembrou que em 2021, antes do decreto, chegou a ter 150 pacientes internados e no dia em que a reportagem esteve no local tinha apenas 15 — entre casos de picada de cobra e malária. A unidade conta atualmente com uma equipe multidisciplinar de 42 profissionais, entre enfermeiro, técnicos de enfermagem, farmacêutico, médico, nutricionista, dentista e fisioterapeuta. Em 2021, considerado um dos anos mais críticos, eram apenas cinco: um médico, um enfermeiro e três técnicos em enfermagem. Atualmente, o Polo de Surucucu passa por uma reestruturação para a instalação do Centro de Referência de Surucucu - o primeiro hospital em território indígena do Brasil, com previsão de inauguração em agosto deste ano. Construção do Hospital em Surucucu, na Terra Yanomami Oséias Martins/Rede Amazônica 'Ver crianças gordinhas e bonitas é uma alegria' O sentimento é compartilhado pela nutricionista Regiane Carvalho, de 47 anos. Ela trabalha há mais de três anos com o povo Yanomami e chegou a ter até 40 crianças com desnutrição no polo de Surucucu antes do decreto de emergência. Hoje, ela atende duas crianças com desnutrição considerada moderada. "Sou de Manaus e larguei tudo para vim para cá. Hoje, ver crianças que consegui salvar gordinhas e bonitas é uma alegria. Para o futuro a gente está vendo que vai melhorar ainda mais, não está 100%, mas vai melhorar e vamos trabalhar com mais alegria ainda", disse, emocionada ao relembrar de pacientes que acompanhou. Surucucu tem ainda uma sala de estabilização de pacientes, ou uma mini UTI, que permite que pacientes graves fiquem internados até que a remoção para hospitais de Boa Vista. Sala vermelha atende casos graves Samantha Rufino/g1 RR 'No país deles não tiveram assistência' Também em Auaris, os profissionais se deparam com um desafio: pacientes indígenas que saem do país vizinho em busca de atendimento, pois não encontram na comunidade de origem. O polo tem capacidade para atender até 90 pacientes e, no período mais crítico, em 2022, chegou a ter 200. Quando a reportagem estava no território, haviam nove indígenas internados. Destes, quatro eram da Venezuela. A enfermeira Eliane Balieiro chefia as equipes. No início do mês de janeiro, ela presenciou a remoção de um bebê venezuelano de quatro meses, com pneumonia, que não resistiu a doença. A mãe caminhou 6 dias floresta adentro para chegar em Auaris. Eliane Balieiro, chefe de equipe. Arte g1 No território há dois tipos de malária, a vivax e a falciparum, sendo a segunda a forma mais grave da doença. Entre as medidas para fortalecer a assistência e combater os casos está a busca ativa de casos nas comunidades, por meio das missões das equipes de saúde, além de um medicamento novo no tratamento: a tafenoquina. Em março do ano passado, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem passaram por treinamento para aplicação do remédio no território. Ele é considerado inovador, ao permitir o tratamento em dose única. A UBSI Auaris foi ampliada e reformada em junho de 2024, em parceria do Ministério da Saúde com o Médicos Sem Fronteiras: ala para internação, consultório de saúde mental, laboratório para microscopistas, farmácia e cozinha, além de alojamento para as equipes de saúde foram implementados. Ala de interação em Auaris, modelo pensado em conjunto com as comunidades Ye'kwana e Sanoma Samantha Rufino/g1 RR 'Ver a diferença do nosso trabalho' Uma das nutricionistas que atua para que cenas de crianças desnutridas e com ossos aparentes que rodaram o mundo antes do decreto de emergência não voltem a se repetir é Ruama Rosendo, de 25 anos. Para ela é "gratificante" acompanhar a recuperação das crianças. No início do trabalho, Ruama chegou a atender 70 pacientes com déficit nutricional, número que diminuiu para dois. Ruama Rosendo, nutricionista. Arte g1 A rotina de Ruama inclui fazer cardápios quinzenais para os pacientes e também para os acompanhantes. O cardápio inclui alimentos tradicionais, como batata-doce e farinha. O resultado foi a queda no número de mortes por desnutrição. No 1º semestre de 2023 foram 32 e, no mesmo período de 2024 foram 10 óbitos. Segundo estimativas do Ministério, 24 pacientes foram recuperados no território nos seis primeiros meses de 2023 e no primeiro semestre de 2024 o número subiu para 98. Terra Yanomami Dois anos do decreto de emergência na Terra Yanomami. Arte g1 Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial. Localizado no Amazonas e em Roraima, o território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades. O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não indígena e se divide em seis subgrupos de línguas da mesma família, designados como: Yanomam, Yanomamɨ, Sanöma, Ninam, Ỹaroamë e Yãnoma. A Terra Yanomami está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal, a partir da posse de Lula (PT), começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros. LEIA TAMBÉM: Dois anos de emergência na Terra Yanomami: o que foi feito e o que ainda falta fazer Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

FONTE: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2025/02/05/numero-de-profissionais-quase-triplica-em-2-anos-de-emergencia-yanomami-diz-ministerio-da-saude.ghtml


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